quarta-feira, julho 11, 2012

Não vai acabar

23 de abril de 2011. Em pleno estádio Durival Britto e Silva, a histórica Vila Capanema que até sediou partidas de Copa do Mundo no longínquo 1950, o Paraná Clube empata com o modesto Arapongas por 2 x 2 e é rebaixado para a Série Prata, nada menos que a segunda divisão do Campeonato Paranaense. Destino inacreditável e inconcebível para quem praticamente monopolizou o futebol local ao longo da década de 90, e mesmo na década passada teve seus momentos de brilho, culminando com uma honrosa participação na Libertadores em 2007.

03 de julho de 2012. No mesmo palco onde viveu quinze meses antes o maior vexame de sua história, o Tricolor goleia o Grêmio Maringá por 4 x 1, conquista a Série Prata com três rodadas de antecedência e sacramenta o retorno à elite Estadual. A campanha do acesso, até a partida do título, é irrepreensível: 15 partidas, 14 vitórias e apenas um empate, com 95,55% de aproveitamento (e na última sexta-feira, nova vitória, 2 x 1 sobre o Foz do Iguaçu, veio a ampliar ainda mais tais números).

Nada mais que a obrigação? É certo que o Paraná era praticamente um “corpo estranho” dentro de uma competição tão fraca tecnicamente, e a disparidade absurda em relação aos demais times tornavam imperativo seu acesso. A postura da maior torcida organizada do clube, que abandonou o estádio logo no início do segundo tempo da partida contra o Grêmio Maringá em sinal de protesto contra a diretoria anterior, reforça ainda mais esta ideia.

Não dá para tirar toda a razão dos torcedores: cair em uma competição estadual tão fraca quanto o Paranaense é algo que jamais poderia se permitir a uma equipe tão tradicional. Mas o protesto não deixou, por outro lado, de ser uma certa indelicadeza com os atuais elenco e comissão técnica, quase totalmente mudados em relação a 2011, e que tão bem vêm cumprindo seu trabalho.

Agora, o olhar é voltado para o futuro. Após um início titubeante, o Paraná vem experimentando um nítido crescimento na Série B, graças principalmente ao reforço dos recém-chegados Anderson, Zé Luís, Ricardo Conceição e Lúcio Flávio, “veteranos” que vieram para dar mais “cancha” a um elenco repleto de jovens. Aparentemente, com mais dois ou três reforços pontuais, a equipe estará pronta para brigar por mais este acesso.

Mas, mais que o sonhado retorno à Série A, o mais importante neste momento parece ser mesmo “arrumar a casa”. E o Tricolor, com nova direção, um técnico jovem e mais que identificado com o clube, e o potencial de uma torcida apaixonada e de uma base que ainda consegue revelar bons nomes (mesmo nos últimos e difíceis anos, saíram de lá vários reforços para grandes equipes, como Everton, Brinner, Rodrigo Pimpão, Kelvin e, claro, Giuliano, peça fundamental na conquista da Libertadores pelo Inter em 2010 e atualmente no futebol ucraniano), parece ser mais que capaz de retomar seus melhores dias. O canto provocativo “o Paraná vai acabar”, tão entoado nos últimos tempos por atleticanos e coxas-brancas, começa a fazer cada vez menos sentido.

Foto: Globo Esporte

Nenhum comentário: