O recente título palmeirense na Copa do Brasil, além de trazer uma paz (ao menos temporária) ao time de Palestra Itália, ainda fez surgir uma forte pressão sobre quem não andava mais tão acostumado a ela: campeão brasileiro em dezembro de 2008, ou seja, há três anos e sete meses, o São Paulo é agora, dentre os doze maiores clubes do País, o que está há mais tempo sem conquistar um título oficial.
Soa bastante irônico quando lembramos da trajetória tricolor no período 2005-2008. Após reconquistar a América e o mundo em 2005, o São Paulo iniciou um domínio sem precedentes no Campeonato Brasileiro, comandado pelo “especialista em pontos corridos” Muricy Ramalho. Se o futebol pouquíssimo vistoso aos olhos, de muitas bolas cruzadas na área e forte sistema defensivo (o popular “muricyball”) imposto pelo treinador não conseguia maior sucesso em competições de mata-mata (em especial na Libertadores, e coincidentemente sempre contra outros times brasileiros), no Brasileiro, entretanto, parecia até ser destinado a ter êxito eterno.
Mas
Muricy se foi em 2009, após mais um fracasso na Libertadores, e o São Paulo
iniciou sua seca. E embora um jejum de menos de quatro anos nem pareça tão
grave em um País
que conta com tantas equipes de tradição para brigar pelas taças, a paciência
do torcedor dá cada vez mais mostras de ter se esgotado.
O
cenário é agravado pelo momento dos rivais. O Corinthians acabou de ganhar sua
primeira Libertadores e também a alforria de muitas gozações; o Santos lamentou
a perda de seu quarto título continental, mas ficou com o consolo do
tricampeonato estadual; e o Palmeiras, nos últimos tempos o achincalhado
“patinho feio” da turma, ressurgiu com a conquista, até bem poucos dias atrás
inesperada, da Copa do Brasil.
O
São Paulo tem ainda duas chances de “salvar” seu 2012: o Campeonato Brasileiro
e a Copa Sul-Americana. Se levar pelo menos um dos dois troféus, igualará um
feito que foi alcançado apenas uma vez na história, em 1998, quanto todos os
quatro principais times paulistas conseguiram conquistar títulos oficiais em
uma mesma temporada.
Na
ocasião, o São Paulo foi campeão estadual, em maio daquele ano, batendo o
Corinthians na decisão por 3 x 1, em jogo que marcava o retorno do ídolo Raí,
de volta após cinco temporadas no futebol francês. O Tricolor campeão alinhava
Rogério Ceni, Zé Carlos, Capitão, Márcio Santos (Bordon) e Serginho; Alexandre,
Fabiano, Raí (Aristizábal) e Carlos Miguel (Gallo); França e Denílson. O
técnico era Nelsinho Baptista.
No
final daquele mesmo mês, o Palmeiras conquistou sua primeira Copa do Brasil,
devolvendo ao Cruzeiro a traumática derrota na decisão de 1996, quando era
favorito absoluto. O time de Luiz Felipe Scolari, que conquistaria a
Libertadores na temporada seguinte, arrebatou o troféu atuando com Velloso, Neném,
Roque Júnior, Cléber e Júnior; Galeano, Rogério, Alex (Arílson) e Zinho; Paulo
Nunes (Almir) e Oséas (Pedrinho).
Em
outubro, foi a vez do Santos, treinado por Emerson Leão, levar o troféu da Copa
Conmebol, ao segurar um difícil empate sem gols contra o Rosário Central, na
Argentina, após vencer na ida por 1 x 0. O Peixe conquistou a competição, que
seria extinta no ano seguinte, jogando com Zetti, Ânderson Lima, Sandro, Claudiomiro e Athirson; Marcos Basílio, Narciso, Élder e Eduardo Marques;
Alessandro Cambalhota (Adiel) e Fernandes (Baiano).
Em
23 de dezembro, o Corinthians faturou o Brasileirão, o segundo de sua história,
ao bater o Cruzeiro por 2 x 0 no Morumbi. Vanderlei Luxemburgo era o comandante
do alvinegro, que naquele dia atuou com Nei, Índio, Gamarra, Batata (Cris) e
Silvinho; Vampeta, Rincón, Marcelinho Carioca e Ricardinho (Amaral); Mirandinha
(Dinei) e Edílson.
Fotos: Reuters / Gazeta Press / Lance!