Uma das melhores revelações do Tio Sam (tradicional equipe carioca de futsal), Gilberto era, porém, muito mais conhecido no início de sua carreira apenas como "o irmão do Nélio". O mano mais velho até teve um início promissor no futebol, fazendo parte de uma geração vitoriosa nos juniores do Flamengo e depois vestindo a lendária camisa 10 titular por algumas temporadas. Contudo, perdeu-se a partir de meados da década de 90 em virtude da indisciplina e do gênio difícil em campo (era acusado por muitos adversários de ser extremamente desleal e maldoso).
Após sair das quadras e passar algum tempo nos times menores no América, Gilberto chegou ao Rubro-Negro em 1996, quando Nélio ainda se encontrava na Gávea, mas já alternando entre entradas e saídas da equipe titular. Mostrou bom futebol, de categoria nos avanços ao ataque e segurança na marcação, sendo titular na conquista invicta do Estadual do mesmo ano.
Mas a sorte mudou já no segundo semestre. O Flamengo fez um Brasileiro medíocre, sofrendo várias goleadas e ficando muito longe da zona de classificação à fase final. E Gilberto acabou perdendo a posição de titular para o jovem Athirson, então mais uma grande promessa oriunda da tradicional "fábrica de craques" rubro-negra.
Após passar mais uma temporada quase inteira no banco, em 1997 (tendo oportunidade de atuar apenas nas convocações de Athirson para a Seleção Sub-20), Gilberto acabou mudando de ares. Foi para o Cruzeiro e recuperou seu bom futebol. Destaque da ótima, porém azarada equipe comandada por Levir Culpi em 1998 (campeã mineira e vice em outros três campeonatos, Copa do Brasil, Brasileiro e Copa Mercosul), chamou a atenção da tradicional Internazionale de Milão.
No time que também contava com Ronaldo, Gilberto teve pouquíssimas oportunidades e não chegou a corresponder quando as recebeu. Retornou ao Brasil seis meses depois, desta vez para vestir a camisa do Vasco.
Mostrou novamente um bom futebol em São Januário. Mas novamente o azar lhe perseguiu: passou longo tempo se recuperando de uma grave contusão no joelho, perdendo praticamente toda a temporada de 2000. Com a crise financeira começando a tomar conta do clube e os salários começando a atrasar, tomou parte na grande barca de medalhões que deixou o clube alvinegro ao longo de 2001.
Indicado pelo técnico Tite, chegou ao Grêmio. Teve ótima passagem por Porto Alegre (com direito à sua primeira convocação para a Seleção, disputando a Copa das Confederações), ainda mais depois que, no Brasileiro de 2003, foi deslocado para o meio-campo e foi um dos nomes decisivos para o Tricolor escapar do rebaixamento. Ao final da competição, seu contrato encerrou-se e foi arriscar a sorte no emergente São Caetano, treinado por seu velho conhecido Tite.
O treinador logo caiu e foi substituído por Muricy Ramalho. Mas Gilberto, também fixado no meio-campo do Azulão, foi um dos pilares da equipe que conquistou o inédito título paulista. Tão logo acabou o campeonato, transferiu-se para o Hertha Berlim da Alemanha, valendo-se de uma cláusula que obrigava o São Caetano a liberá-lo sem custos em caso de proposta européia vantajosa.
Gilberto demorou um pouco a se encontrar na capital alemã. Seu futebol acabou surgindo justamente no meio da temporada da Bundesliga, época em que o frio intenso domina a Europa e os gramados ficam muitas vezes totalmente branquinhos. Por causa disso, a torcida lhe deu o sugestivo apelido de "Homem da Neve". A boa fase acabou lhe valendo o retorno à Seleção, fazendo parte do grupo que conquistou a Copa das Confederações em 2005, competição em que disputou quatro das cinco partidas como titular, inclusive a final contra a arquirrival Argentina. A essa altura, já há muito tempo as coisas haviam se invertido: Nélio é que passara a ser "o irmão do Gilberto"...
Conquistou sua vaga no Mundial da Alemanha praticamente aos 45 do segundo tempo, valendo-se principalmente da má fase do concorrente Gustavo Nery no Corinthians. Como já era esperado, não pôde alimentar esperanças de ganhar a posição de Roberto Carlos, mas aproveitou a única chance, diante do Japão, ocasião em que o camisa 6 e outros titulares foram poupados, para fazer uma boa atuação e até deixar um golzinho.
Com a chegada de Dunga, Gilberto continuou sendo chamado, apesar da idade avançada que teria (como tem) por ocasião da Copa de 2010, disputando posição com jovens como Marcelo, Adriano e Filipe Luís, ascendentes como André Santos e Juan Maldonado, e até mesmo improvisados, caso do folclórico Richarlyson. Todos ficaram pelo caminho. E após mais de um ano sem qualquer convocação, marcado ainda por uma infeliz passagem pelo Tottenham (onde ficou boa parte do tempo relegado ao time B) e o retorno ao futebol brasileiro para uma segunda passagem pelo Cruzeiro, Gilberto acabou de forma surpreendente retornando à Seleção e mais uma vez se garantindo num Mundial em cima da hora.
Deverá travar boa briga pela posição de titular com Michel Bastos, outro lateral-esquerdo de origem que, contudo, há muito tempo, não atua na posição. E seja quem for o vencedor, terá muito trabalho para convencer a opinião pública, ressabiada com a escassez de opções numa posição que até bom pouco atrás era farta em oferta de bons jogadores para a Seleção.
Gilberto da Silva Melo
lateral-esquerdo
Rio de Janeiro (RJ), 25.04.1976
1,80 m
78 kg
Clubes: América-RJ (1993 a 1995), Flamengo (1996/97), Cruzeiro (1998 e desde 2009), Internazionale-ITA (1999), Vasco (1999 a 2001), Grêmio (2002/03), São Caetano (2004), Hertha Berlim-ALE (2004 a 2008) e Tottenham-ING (2008/09).
Títulos: carioca (1996) pelo Flamengo; mineiro (1998) pelo Cruzeiro; brasileiro (2000) e da Copa Mercosul (2000) pelo Vasco; paulista (2004) pelo São Caetano; da Copa das Confederações (2005) e da Copa América (2007) pela Seleção Brasileira.
Jogos pela Seleção: 33 (1 gol)
Participação em Copas:
2006 (5º lugar) - 1 jogo, 1 gol
Foto: CBF.com.br
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